quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Estudante morre prensada pelo elevador

Estudante morre prensada por elevador de escola

Marcelo Vellinho do parana-online
Aliocha Maurício
Perito constatou falta de segurança no equipamento.
Uma fatalidade tirou a vida de Gisele Stresser Machado, 10 anos, no colégio onde ela estudava, em Campo Largo. A menina teve a cabeça prensada por uma viga quando acompanhava uma colega cadeirante no elevador destinado às crianças com necessidades especiais.
O acidente aconteceu pouco antes das 15h, na Escola Municipal Mauro Portugal, na Rua Alcebíades Affonso Guimarães, Águas Claras. Pelo que foi apurado pela perícia, o elevador não oferecia condições de segurança.

De acordo com a polícia, Gisele e a amiga, que está com a perna quebrada, entraram no elevador, no piso térreo, e subiriam um andar. Porém, durante o deslocamento, Gisele teria se debruçado sobre uma das paredes do aparelho, que ficam a meia altura.
A cabeça da garota bateu em uma viga, entre os dois pavimentos, e foi prensada. As manchas de sangue na parede dão mostras da violência do choque. Alguns fios de cabelo ficaram presos à viga. Quando os socorristas do Siate chegaram, a menina já estava morta.

Inseguro

O perito Roman Abril, do Instituto de Criminalística, afirmou que o elevador, mantido pela prefeitura de Campo Largo, não oferece condições de segurança. Ainda assim, o aparelho era operado livremente pelas crianças, sem auxílio ou supervisão de adultos.
O secretário de Segurança do município, Benedito Faccini, disse que todo prédio público deve ter um elevador para portadores de necessidades especiais e que o aparelho podia ser usado por qualquer criança.
“Não há condições de controlar o acesso dos alunos ao elevador. Lamentamos profundamente o que aconteceu e vamos apurar as responsabilidades. Sei que tudo que a prefeitura puder fazer não será suficiente para anestesiar a dor que a família está passando”, declarou Faccini.

O caso abalou funcionários da escola, estudantes e familiares dos alunos. Cerca de 1,5 mil crianças estudam no local, onde além da escola municipal, funciona um Centro de Atendimento Integral à Criança e ao Adolescente (Caic).
Alguns parentes comentaram que não sabiam da existência do elevador na escola, muito menos que era operado pelas próprias crianças. Gisele cursava a terceira série do ensino fundamental e completou 10 anos exatamente um mês antes de morrer (no dia 10/10/10). Em função da tragédia, as aulas foram suspensas e retornarão na terça-feira.

“Apenas o sorriso na janela”


Aliocha Maurício
Pai estava desconsolado.
Bastante abatido com a perda da filha, o eletricista Antônio Carlos Machado cobrou agilidade nas investigações. “Não quero que outro pai passe pelo que estou passando. Não estou aqui para culpar ninguém, mas temos que saber o que aconteceu, se houve falha mecânica, falta de manutenção ou outro problema”, declarou.

Além de Gisele, Antônio tem outros dois filhos, e um deles também estuda na escola. O eletricista é divorciado, mas vê as crianças semanalmente. “Não sei o que fazer, perdi o chão, ela era meu tesouro. Vi minha filha pela última vez na segunda-feira, quando passei pela casa e ela estava na janela. Não consegui dar um abraço de despedida, ficou apenas o sorriso na janela”.

Inquérito

A delegacia de Campo Largo instaurou inquérito policial para apurar as circunstâncias do acidente, com base nos laudos do Instituto de Criminalística. As investigações deverão apontar se a manutenção do elevador era realizada nos prazos regulares e em que condições o aparelho funcionava.

O advogado-geral do município, Adolfo Vaz da Silva, afirmou que também “será instaurado procedimento administrativo interno para investigar o acidente”. O elevador foi lacrado e não há informações se voltará a ser utilizado.

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