Dilma "do chefe"
da coluna et cetera do Estado do Paraná
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O título da coluna de hoje chama a atenção para o estranho sobrenome dado à presidenciável petista, cujo autor foi ninguém menos do que o governador reeleito do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). Dirigindo-se ao marqueteiro João Santana, o peemedebista, que alimenta o grande desejo de se tornar vice em uma chapa ao Planalto encabeçada por Lula em 2014, manifestou a opinião de que o presidente da República deveria voltar a ser o protagonista principal dos programas eleitorais: “A Dilma é Rousseff, mas também é “do chefe’”, justificou. A revelação, feita pela jornalista Renata Lo Prete, do jornal Folha de S. Paulo, vai além. De acordo com a colunista, a própria Dilma, em conversa com correligionários, pela primeira vez teria mencionado a possibilidade de não concorrer à reeleição, se eleita, abrindo mão de tal prerrogativa em prol do padrinho político. O que isso significa? A tradução é de que a atual candidata, se vencer a disputa contra José Serra (PSDB), fará uma espécie de mandato tampão, o que não é bom. O cargo máximo da Nação exige personalidade e independência. A posição do Luiz Inácio, em vez de insuflar o assunto, ainda que através da boca de terceiros, deveria ser de total distanciamento. Entretanto, se ele se comportar de maneira imprópria, haverá inevitavelmente um racha no PT, tornando a administração extremamente difícil. Em bom português popular, vale repetir a máxima: “dois galos num mesmo terreiro não dá certo”.
Cenário
É visível hoje a existência, ainda em estado latente, de dois grupos dentro da base aliada do petismo. Um, chefiado por Antonio Palocci, dá a sustentação pessoal a Dilma, enquanto o outro, comandado por José Dirceu, é diretamente ligado a Lula. O ex-ministro da Casa Civil, embora não ocupe cargo eletivo e nem posição no governo, demonstra um poder gigantesco, a ponto de falar em nome do atual presidente. Esse confronto, cedo ou tarde, atingirá o limite do rompimento.
Tendência
Se eleita, certamente a senhora “do chefe” não manterá essa linha de submissão. A “presidenta”, mesmo que hoje se apresente como boazinha e cordata, no correr do mandato vai se inflar. Que não se espere dela qualquer postura secundária, haja a pressão de Lula ou não. Se chegar ao Planalto, trabalhará para ser a líder maior e jamais dispensará a oportunidade de se candidatar à reeleição. É óbvio.
E ele?
Já Lula terá que se conformar com a aposentadoria, visto não haver qualquer hipótese de ele ocupar um cargo no eventual governo Dilma. Seu caminho é o de dar conselhos, assim mesmo quando convocado. Serão quatro longos anos de espera. Por mais atração que São Bernardo do Campo exerça sobre o ex-sindicalista, não é fácil viver sem as mordomias e as facilidades do poder.
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